Projeto ‘Sonoridade Ancestral – Escola’ entra em fase de conclusão e terá queima de peças em abril



Foto: Carlo Cury


O projeto ‘Sonoridade Ancestral – Escola’, proposto pelo artista plástico e ceramista Carlo Cury e realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Caraguatatuba, entra em fase de conclusão nas próximas semanas e tem preparação do forno para queima das peças em abril. O resultado do projeto será apresentado em maio aos alunos e familiares, e, no mês de junho ganhará abertura oficial no Espaço Hartãt Acervo Indígena, localizado junto ao ateliê do artista, com o nome ‘Sonoridade Ancestral 3’.

Realizado no primeiro semestre de 2023 junto aos alunos da rede municipal de ensino, o projeto tem o apoio do Edital de Fomento a Projetos Estáveis e Iniciantes proposto pela Fundacc – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba, Conselho Municipal de Política Cultural de Caraguatatuba e Prefeitura Municipal.

De acordo com Carlo Cury, as atividades com os alunos encontram-se em fase de conclusão e serão encerradas nas próximas semanas, assim como a preparação do forno Karai para receber as peças confeccionadas ao longo do semestre pelos estudantes, além de outros materiais do cotidiano de seu ateliê.

Segundo o artista, “todo o material que irá para o forno é voltado a questão musical, dessa sonoridade ancestral, com peças feitas não só pelos alunos, sendo esta a primeira vez que faremos um forno assim, com 80% de instrumentos”, declarou.

Ao longo dos últimos meses, Cury recebeu grupos de até três alunos para trabalharem na confecção dos sonidos. Durante as oficinas, os estudantes puderam trabalhar, a partir do domínio da argila, processos como a abertura de uma esfera oca, a incorporação do canal de insuflação e do bisel, que possibilita o sopro e o som dos instrumentos, além da aplicação dos apêndices, decorações e formas externas dos sonidos. Os alunos também aprenderam a trabalhar com a confecção de peças maiores, fora o método do engobe, técnica tradicional de pintura indígena.

Carlo destaca que, fora confecção das peças, que trarão consigo experiências e vivências de cada aluno de forma a torná-las únicas, foi trabalhado o manuseio desses objetos na musicalidade, tanto com os sonidos feitos durante as oficinas como com os que pertencem ao seu acervo.

Sobre o Projeto ‘Sonoridade Ancestral’

‘Sonoridade Ancestral – Escola’ trata-se de um desdobramento do trabalho iniciado por Carlo Cury em 2015, quando participou de uma vivência com o músico, arqueólogo e ceramista argentino Esteban Valdivia, denominada ‘Sonidos de América’, sobre instrumentos sonoros em argila. Vivência esta que resultou no projeto individual ‘Sonoridade Ancestral’, no qual Cury buscou informações sobre peças sonoras em argila produzidas por culturas extintas (arqueológicas) ou ainda produzidas por grupos indígenas atuais.

Em processo de criação e desdobramento há 7 anos, ‘Sonoridade Ancestral’ possibilitou ainda ao artista Carlo Cury partilhar conhecimento não só com o Grupo Ubuntu Caraguatatuba Ceramistas, ao qual faz parte com as artistas Lu Chiata, Zandoná e Claudia Canova, mas também com indígenas da etnia Krahô, em 2016, no Estado de Tocantins, bem como, em junho de 2019, com ceramistas do município de Santarém, no Pará. Esta última oficina resultou na primeira exposição sobre o tema em 2019.

Em abril de 2022, em comemoração ao aniversário municipal, a exposição ganhou espaço no MACC – Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba, e contou réplicas arqueológicas e peças originais de etnias nacionais, que compõem o acervo particular do artista.

A exposição possibilitou ainda uma troca de saberes entre o artista e os músicos da Banda Municipal Carlos Gomes, que em contato com as peças sonoras produzidas por Cury, realizaram uma apresentação musical durante a abertura da mostra.



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